O Lago do Amor, um dos pontos turísticos de Campo Grande, pode desaparecer devido ao assoreamento. O problema foi discutido em audiência pública, na Câmara Municipal de Campo Grande, no dia 9 de agosto. A solução não é apenas a retirada dos sedimentos que afetam o lago, e sim um plano de urbanização de ruas e lotes da capital.
O problema não é recente. Em 2011, o Ministério Público Estadual (MPE) instaurou um inquérito para apurar o assoreamento do lago, que passou por processos de revitalização, e após três anos, a situação se agravou com formações de praias artificiais nas margens. Outros dois lagos da capital sofrem problemas semelhantes ao do Lago do Amor, a lagoa do Parque das Nações Indígenas e o desaparecido lago do Rádio Clube Campo por consequência do assoreamento avançado, que fez com que a argila tomasse conta de todo o lago.

O professor da Faculdade de Engenharias, Arquitetura e Urbanismo e Geografia (FAENG) da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Teodorico Alves Sobrinho, explicou que o lago é formado por dois córregos: Ribeirão Cabaça e Bandeira e, este segundo é o que apresenta um processo mais avançado de assoreamento. “O outro lado está estabilizado, devido às próprias características da bacia. Com interferência do homem, podemos agravar ou reduzir esse processo".
De acordo com Sobrinho, o processo de assoreamento ocorre quando há acúmulos de sedimentos, que excedem a quantidade de material no leito do lago, o que dificulta a navegabilidade. O processo ocorre de forma natural, e a intervenção humana compromete ainda mais. Atitudes como desmatamento em torno do lago, intensificam o assoreamento e as consequências como desastres naturais, é o caso das enchentes, por exemplo. “A vida útil do lago hoje é estimada em 21 anos. Em 2037, não teremos mais o Lago do Amor se nada for feito. Por mês, 600 metros cúbicos de sedimentos caem no lago. Ele vai acabar, não tem jeito”.
Exemplo de como ocorre o assoreamento no Lago do Amor
Sobrinho afirmou que estudos de monitoramento são realizado desde 2002, e acredita que há soluções para reverter o cenário atual do lago. “Para vocês terem ideia de magnitude, em 2002 a área de superfície do lago tinha uma área equivalente a 112 campos de futebol, igual a 11,3 hectares. Hoje, nós temos uma área já medida de um pouco mais de 8 hectares, então é uma redução 3,2 hectares, quase 4 campos de futebol do nosso lago já sumiram. Em termos de volume, em 2002 havia cerca de 241 mil metros cúbicos. Hoje esse volume é próximo a 150 mil metros cúbicos, ou seja, um terço do volume sumiu ou reduziu nesses 14 anos”.
Conforme Sobrinho, a dragagem é o processo de retirada dos sedimentos do fundo do lago, e para que essa obra ocorra, há um custo mínimo de 8 milhões de reais. “Esse sedimento é resultado de um processo erosivo que ocorre ao montante do lago e toda a contribuição na redução vem de uma degradação de mais de 15 anos. Os últimos sedimentos vêm do córrego bandeira que passa próximo ao Rádio Clube e o nosso lago do amor está sendo consequências disso”.